O trabalho dos profissionais da educação em especial da supervisão
educacional é traduzir o novo processo pedagógico em curso na sociedade
mundial, elucidar a quem ele serve explicitar suas contradições e, com
base nas condições concretas dadas, promover necessárias articulações
para construir alternativas que ponham a educação a serviço do
desenvolvimento de relações verdadeiramente democráticas.
Para desenvolver o trabalho idealizado por Ferreira, o supervisor
precisa ser um constante pesquisador, é necessário que ele antecipe
conhecimentos para o grupo de professores, lendo muito, não só sobre
conteúdos específicos, mas também livros e diferentes jornais e
revistas. Entre as tarefas do supervisor estão ajudar a elaborar e
aplicar o projeto da escola, dar orientação em questões pedagógicas e
principalmente, atuar na formação continua dos professores.
O supervisor faz a transposição da teoria para a prática escolar,
reflete sobre o trabalho em sala de aula, estuda e usa as teorias para
fundamentar o fazer e o pensar dos docentes. Um bom supervisor deve
apresentar em seu perfil as seguintes características: auxiliador,
orientador, dinâmico, acessível, eficiente, capaz, produtivo, apoiador,
inovador, integrador, cooperativo, facilitador, criativo, interessado,
colaborador, seguro, incentivador, atencioso, atualizado, com
conhecimento e amigo.
A Supervisão Escolar passa então a ser uma ferramenta de atuação tem
como principio o fazer, o agir, o movimentar, o envolver-se, o modificar
e para isto é necessário que esteja firmado em nossa essência o querer
moldar pessoas. Os pequeninos vêm para nos como folhas em branco onde
muitos de nos irão fazer parte de suas historias e por quer não dizer
fazer a própria diferença em seus futuros. Como é possível observar, a
educação é uma tarefa e um encargo coletivo no mundo de hoje, logo Cunha
(2006. p. 271) diz o seguinte:
É imperioso que o profissional da educação contribua decisiva e
decididamente para melhor fluir os projetos propostos para a resolução
de problemas e enfrentamentos de desafios na escola.
Apontado o primeiro passo, que é o querer, passemos para outro, o fazer.
Para se construir sociedades humanas e preciso interessar-se em
pessoas, já que pessoas são mais importantes que coisas, precisamos
criar uma cultura do fazer, do preocupar-se, do incomodar-se com este
sistema que hoje se faz presente.
A diferença está em aceitar como as crianças vêm, mas não deixa-las sair
da mesma forma que entraram. É preciso estar em um processo de simbiose
onde passemos a sentir o que nossos pequeninos sentem e compreender
como podemos ser instrumentos de ajuste social no contexto que se
apresenta na escola. Isto só é possível se estivermos imbuídos de um
espírito de altruísmo, já que nem sempre a supervisão escolar terá a seu
dispor a estrutura necessária para desenvolver seus projetos e suas
metas. Logo chegamos ao entendimento de que precisamos realmente ser
apaixonados por gente, amar as pessoas verdadeiramente, onde todo
professor, educador, supervisor, gestor etc., precisa dessa
características. O segredo do sucesso esta em ouvir os educandos em suas
dificuldades e necessidades, buscar estabelecer entre educandos e
educadores um canal de comunicação que vise dar a eles a condição de
serem ouvidos.
A escola pode ajudar muito neste sentido, desde que todos os envolvidos
contribuam com sua parcela de ajuda comprometendo-se com o
desenvolvimento social, educacional e familiar de todos os educandos.
Segundo Ferreira (2003, p.10):
O papel da escola hoje é formar pessoas fortalecidas por seu
conhecimento, orgulhosas de seu saber, emocionalmente corretas, capazes
de auto-critica, solidárias com o mundo exterioras e capacitadas
tecnicamente para enfrentar o mundo do trabalho e da realização
profissional. Neste contexto, o diretor de escola é o principal
responsável pela execução eficaz da política educacional.
O desafio para o profissional da Supervisão Escolar é enorme, ele terá
que muitas vezes ser um visionário, já que o reflexo de suas ações
poderá acontecer talvez no futuro e a construção do educando só será
sentida no decorrer dos anos, já que o trabalho de supervisores e
professores é feito coletivamente. Não podemos vislumbrar como as nossas
ações afetarão aqueles que nos são confiados, ou de que forma afetarão
todos que rodeiam ou que sonham com a escola mais justa e mais humana. O
que podemos ter certeza é o futuro não será o mesmo.
Existe muita negatividade dentro das escolas e como pedagogos, em nossa
prática docente sempre nos encontramos com estas situações e poderemos
até vivenciar esta desesperança que às vezes se abate sobre nossos
próprios ombros Sem duvida construindo bases sólidas de conhecimento,
relacionamento e respeito poderemos mudar, este estado de coisas que
hoje se abate no sistema educacional brasileiro.
Cabe ao Supervisor Escolar criar, portanto condições próprias para este
grande projeto de vida que será o seu sacerdócio durante suas vida
profissional. Podemos com certeza construir grandes valores no espaço da
escola criando uma onda de relacionamento com as famílias, comunidade,
Escola, governo e envolve-los na problemática da escola que irá com
isto atender os pressupostos básicos para a qual foi criada.
Os desafios são enorme, falta de estrutura, recursos escassos, má
vontade dos educadores, dos alunos dos funcionários administrativos,
enfim uma serie de coisas que dificultam o trabalho do Supervisor, mas
que não impedem que o mesmo possa criar na sua atividade profissional
meios de mudar esta realidade e fazer com que a escola mude sua cara, e
se transforme na escola de nossos sonhos.
As condições para mudar estão em nossas mãos. O diferencial passa então,
pelo respeito às escolhas e depois a influencia positiva que podemos
ter sobre as pessoas. Temos que ser como uma pequena pedra atirada no
rio que provoca pequenas ondas e que depois vão se tornando grandes até o
ponto de causar grandes transformações em todos que fazem parte da
sociedade.
Se quisermos podemos ser os agentes desta transformação se começarmos a
colocar em prática os conteúdos aprendidos em sala de aula e tão
debatidos na construção da nova escola, a escola que queremos para
nossos filhos e para todos. Como agentes da transformação cabe a nos
Supervisores Escolares dar o ponta pé inicial deste desejo nacional de
mudanças e que só precisa começar e para não mais parar, não podemos nos
conformar com este estado de coisas, não existe o não consigo existe
sim o não quero.
O supervisor, na atual realidade, é capaz de pensar e agir com
inteligência, equilíbrio, liderança e autoridade, valores esses que
requerem habilidade para exercer suas atividades de forma responsável e
comprometida. Na década de 90, a supervisora é apontada como
instrumento necessário para mudança nas escolas. Justamente nesta
década, segundo Ferreira (2003, p. 74):
[...] desempenha-se o supervisor competente, entendendo-se que a
competência é, em si, um compromisso público com o social e, portanto,
com o político, com a sua etimologia na polis, cidade, coletividade. E o
interesse coletivo opõe-se ao interesse individualizado, na educação e
no seu serviço de supervisor.
Os sinais de descaso estão por toda à parte. A falta de interesse de
nossos governantes, falta de recursos nas escolas, baixos salários,
falta de um projeto serio de escolarização e políticas públicas em todos
os níveis, pois o que temos hoje é um paliativo que não atende a
demanda crescente de nosso povo.
Cada vez mais nossos alunos saem das escolas sabendo menos do que
precisam para suas vidas, não há uma visão critica de formar cidadãos
por isto precisamos de supervisores audaciosos que ousem sonhar e
realizar, que sejam verdadeiros guerreiros da transformação, arautos do
conhecimento, defensores da verdade, e principalmente que ame as
pessoas.
Alunos desinteressados, analfabetos funcionais, baixa qualificação
profissional, despreparo emocional, são apenas alguns sintomas desta
doença que se instalou no meio escolar. Reflexo da falta de interesse da
maioria dos envolvidos no processo que não querem ou não sabem que o
sucesso desta empreitada nacional é para toda a vida. Como supervisores
devemos pegar no batente, nos importando com todos que passam pelo
espaço da escola já que muitos e quem sabe milhares de milhões, ficaram
marcados para sempre neste tempo, que pode ser construtivo ou
destrutivo.
No livro o Monge e o Executivo, aprendemos que quando mais autoridade
mais responsabilidade temos, e que só depende de cada um fazer a
diferença na escola. Segundo Hunter (2004, p.95) "então, por definição
quando você exerce autoridade deverá doar-se, amar, servir e até
sacrificar-se pelos outros". Podemos contaminar a todos com nossa
energia, alegria, serviço, altruísmo, sonhos e fazer com que os
educandos e educadores se libertem deste sistema padronizado de escolhas
que hoje esta a vigente.
Cabe, portanto ao supervisor escolar estar sintonizado com as
necessidades da comunidade e propor projetos que atendam aos anseios de
todos que almejam futuro melhor. Muita coisa pode ser feita no contexto
escolar, podemos desenvolver atividades que aproximem a comunidade da
escola, da família e dos objetivos para a qual ela existe. A escola como
espaço social e publico deve ter esta característica de servir a todos
os que a procuram, bem como envolver outros segmentos da sociedade em
suas atividades. Supervisor Escolar deve, portanto ser esta ponte de
acesso entre todos, possibilitando um maior conhecimento entre os
participantes desta grande aventura que é a formação de pessoas para a
sociedade.
Somente sendo um profissional antenado com estas características e com
as necessidades de todos os envolvidos tendo um forte senso de
responsabilidade e de iniciativa não esperando por quem não vem é que
seremos profissionais de sucesso e cidadãos realizados. O grande sucesso
que o supervisor escolar terá em sua vida pessoal será a certeza de ter
contribuído para o sucesso de muitas vidas que cruzarão seu caminho no
decorrer dos anos da docência.
Não há nada de mais belo do que ver uma vida desabrochando como uma flor
na sua plenitude, e exalando o agradável aroma de ser chamado de
cidadão. A escola tem, portanto a obrigação de fazer o melhor a seus
alunos que buscam neste local o pote no fim do arco-íris. Trabalhando em
equipe o supervisor escolar e todos os profissionais envolvidos terão
não as melhores condições para desenvolver suas metas mais com certeza
terão o apoio moral que faz toda a diferença nos dias atuais.
Diante das diferentes e diversificadas funções do supervisor escolar,
podemos citar como a de maior relevância a de coordenador, onde a
organização do trabalho é comum, onde a unificação dos alunos,
professores, equipe pedagógica e direção da escola.
É diante destas responsabilidades que se faz necessário mudanças
significativas na formação e postura do supervisor escolar, e com isso
reconhecendo seus aspectos gerais, onde Ferreira (2003, p.75) diz:
Ressignificar e revalorizar a supervisão, reconceitua-se, de modo a
compreendê-la, na sua ação de natureza educativa e, portanto
sociopedagógica, no campo didático e curricular do seu trabalho, no seu
encaminhamento de coordenador.
Estamos acostumados a ouvir que manda quem pode, obedece quem tem juízo,
mas no contexto escolar não existe esta premissa, mas sim o exemplo,
pois quem quer ser líder estar em destaque, seja o primeiro que faça.
Talvez uma das grandes dificuldades do ser humano seja exatamente esta,
precisamos de destaque a todo o momento, logo precisamos refletir sobre o
que diz Ronca (1995, p.32) "nenhum educador cresce se não reflete sobre
seu desempenho enquanto profissional e se não reflete sobre a ação que
foi desenvolvida. Só entramos na práxis quando refletimos sobre a
prática".
Mas o supervisor, o administrador não é assim, é antes um profissional
que não se importa se vai ser reconhecido ou não, e na maioria das vezes
não é mesmo, o que importa de verdade é ser útil à sociedade, as
pessoas, a todos. Na verdade não deveríamos ser chamados de Supervisores
Escolares, mas sim de administradores de vidas, pois muitas delas
dependerão de nossas decisões e de como elas afetaram a vida de nossos
alunos.
É preciso tomar a sábia decisão de fazer sempre o que for necessário
para direcionar nossas crianças e jovem para a maior aventura que eles
irão participar que é o seu futuro. Cada ser social, cada aluno é um
indivíduo em especial, com características próprias de aprendizagem e
necessidades diferentes. De acordo com Gadotti e Romão apud Oliveira
(2003 p.330):
Todos os segmentos da comunidade podem compreender melhor o
funcionamento da escola, conhecer com mais profundidade os que nela
estudam e trabalham, intensificar seu envolvimento com ela e, assim,
acompanhar melhor a educação ali oferecida.
Supervisor, Administrador talvez, líderes quem sabe, servos com certeza.
Nossa recompensa será com certeza vidas transformadas, vidas salvas da
degradação moral e social, famílias restauradas e um forte sentimento de
dever cumprido.
Portanto Supervisores e Professores têm em suas mão a chave da vida ou
da morte de muitos em suas mãos. Não vamos, pois nunca esquecer que
palavras podem construir ou destruir qual vai ser sua escolha?
Considerações finais
Muitos dizem que ensinar é uma arte e que servir é um dom. Para nos
Supervisores Escolares e Pedagogos é muito mais que isto. É um modo de
vida ,é o modo como escolhemos viver. Com suas dificuldades e seus
desafios com suas recompensas e suas frustrações.
Se pensarmos que será um mar de rosas é melhor para aqui. Mas se quiser
entrar nesta nave chamada "Conhecimento Humano", não se arrependerá.
Pois trará um enorme beneficio a sua vida e a de todos que o rodeiam.
A Supervisão Escolar é um exercício de cidadania, amor, altruísmo e
abnegação onde só os fortemente determinados terão êxito. Não como todos
acham como riqueza, mas sucesso na sua vida emocional. Na sua psique,
pois nada dá mais prazer na vida do que ver seres humanos crescendo no
seu Saber e se transformando seus sonhos em realidade.
Quer ser Supervisor? Excelente, então se dedique e busque de todo o seu
coração, pois somente lá poderemos encontrar forças para chegar ao fim
da jornada.
Referências
CHALITA, Gabriel Benedito Issaac. Educação a solução está no afeto. São Paulo: gente, 2001.
Cunha, Aldeneia S. da; Oliveira; Ana Cecília de; Araújo, Leina A.
(Org). A Supervisão no contexto escolar: Reflexões Pedagógicas. Manaus.
UNINORTE; 2006.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto